sábado, 16 de junho de 2012

Om Ganapati Namaya | Yoga Pela Paz

Om Ganapati Namaya | Yoga Pela Paz

Gostaria de acionar um pouco, em cada um de vocês, desse arquétipo de abertura através da divindade indiana Sri Ganesha. Na Índia, esse deus rechonchudo, de vasto abdômen, preside todo e qualquer ritual religioso, mas também já teve papel político importante na independência do país (mas isso é uma outra história…).
Para ele, são designados 108 nomes: representação de seus vários atributos! Filho de Shiva e Parvati, com uma enorme mitologia, esse deus com cabeça de elefante, corpo humano volumoso, montado paradoxalmente em um pequeno rato (as divindades do panteão hindu possuem um veículo que as transportam) personifica a sabedoria.
Cada evento da vida diária é precedido por sua saudação: a primeira pedra para fundar uma casa, o primeiro passo de uma jornada, contratos, pedidos de casamento, decisões importantes, ou nem tanto… não há nada que não lhe possa invocar. Ele é o deus da boa fortuna.
Capaz de minimizar as diferenças, ele transcende as divisões religiosas, assim como as das castas o que fez alguns políticos o adotarem como símbolo nacional. Mas há um aspecto que gostaria de ressaltar aqui: ele é adorado pelas crianças como um contador de histórias, uma espécie de referência mestra nessa arte milenar de entreter crianças e adultos.
Foi ele que, segundo consta, teria sacrificado sua presa para salvar as grandes histórias da Índia de serem perdidas.
O sábio Vyasa determinou que recitaria as narrativas épicas do solo indiano apenas se essas pudessem ser escritas sem interrupção por Ganesha, o que lhe dá o título de escriba. O desafio foi acolhido por Ganesha que passou dias e noites ouvindo e escrevendo aquele que permanece ainda hoje o maior poema épico de todos os tempos neste mundo, o vasto texto do Mahabharata, que contém o Bhagavad Gita, mais difundido entre nós.
Nesse episódio ocorreu um fato marcante, mais uma vez referente à presa de Ganesha. Quando as canetas de Ganesha já não funcionavam mais e a recitação ainda estava em curso, para não romper o contrato que pedia que o texto fosse ininterrupto, ele quebrou sua própria presa e a mergulhou na tinta, podendo dessa forma dar sequência ao registro desse grande épico (são 18 volumes).
Ao longo dos séculos uma literatura própria de Ganesha se constituiu: Ganesha Upanishad e Ganesha Gita que contêm aspectos filosóficos, e Ganesha Purana que contém as fábulas mitológicas. Esses textos são multiplicados pela Índia à fora, refletindo as preferências religiosas e geográficas de seus escritores, uma obra aberta e até certo ponto inacabada.
Mas a sua curiosidade para saber a estória de Ganesha num corpo humano com cabeça de elefante, fica para outra vez…

Márua Roseni Pacce é analista junguiana, membro do Instituto Junguiano de São Paulo e da Associação Junguianado Brasil e da IAAP (InternationalAssociation for Analytical Psychology), com sede emZurique. Professora de Yoga há 37 anos, Márua fundou o Nucleo de Yoga Ganeshaem São Paulo, que completará 30 anos em 2012. Terapeuta corporal, estudou emdiversos países, além de visitar todos os anos a Índia, onde busca seu aprimoramento contínuo.

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